terça-feira, 13 de julho de 2010

Com licença poética.

Quando nasci um anjo esbelto,desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira.Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir.Não sou tão feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos - dor não é amargura. Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou.
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Adélia Prado

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