terça-feira, 24 de agosto de 2010

"Descobri que era frágil, como porcelana, apenas quando me deparei com os cacos espalhados pela sala. Com você quebrada, em dezenas de pedaços coloridos. Em alguns sumidos pelos cantos, debaixo dos móveis, atrás das cortinas, sob o tapete. Eu fechava você, entre os dedos, lhe apertava no meio das mãos, sem saber que toda a força poderia ter outro efeito. Como quando exageramos na quantidade de água, achando que o transbordar do vaso fortalece a planta. Esquecendo que o encharcar da terra apodrece o broto, enfraquece a raiz. Eu tentei lhe proteger, sem lembrar que precisava de ar, na caixa fechada, no escuro do papelão. Tentei fazer com que fosse só minha, esquecendo que a estrela conserva a beleza, mas morre quando é tirada do mar.
Eu precisei que você quebrasse, pra saber que amor demais também pode matar."
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(Eduardo Baszczyn)

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