terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ele gostava quando ela dizia: "Sabe, nunca tive um papo com outro cara assim que nem tenho com você". Ela gostava quando ele dizia gozado: "Você parece uma pessoa que eu conheço há muito tempo". E de quando ele falava calma: "Você tá tensa, vem cá," e a abraçava e a fazia deitar a cabeça no ombro dele para olhar longe, no horizonte do mar, até que tudo passasse, e tudo passava assim desse jeito. Ele gostava tanto quando ela passava as mãos nos cabelos da nuca dele, aqueles meio crespos, e dizia: "Bobo, você não passa de um menino bobo."
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(Caio Fernando Abreu)

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